terça-feira, 16 de agosto de 2011

"panis et circenses" ... e a história continua

 Até parece que hoje foi dia de eleição e acabamos de ver nossos candidatos derrotados no pleito.
Mas por incrível que pareça, é ainda pior.
Acabamos de ver os candidatos em quem muitos de nós depositamos confiança, uma confiança cega como é notório em política, zombando da nossa cara, dando uma banana gigante para as nossas esperanças e os valores depositados em seus nomes.

Indignação, revolta, repúdia, são alguns dos sentimentos que tornaram-se visíveis nos olhos daqueles que acompanhavam ansiosos (do lado de fora) a votação de hoje na Câmara de Rio Preto.
O projeto dos Cargos comissionados, os apadrinhados como são  conhecidos, foi aprovado por quase unanimidade. Apenas três votos em favor da dignidade, apenas três legítimos representantes do povo tiveram coragem e dignidade suficientes para falar em seu nome e defender sua vontade.

Treze foi o número da derrota. Ou da vitória.
A vitória apenas de mais um projeto, a custas de manobras sujas, como tantas da atual administração. Mas treze também foi o número da verdade, daqueles que hoje mostraram a cara ao povo deixando cair a máscara do populismo e da demagogia que os elegeram, a verdade de sabermos que nem sempre nossas escolhas são acertadas mas que sempre há tempo para novas tentativas.

O que se viu hoje foi lamentável e ao mesmo tempo louvável.
Do lado de dentro da "Casa do povo" via-se a Ditadura da Democracia, o autoritarismo covarde de quem teme a massa mas finge não precisar dela, mesmo tendo sido escolhido por ela.
Do lado de fora via-se a Democracia florescendo, algo raro em nossa cidade até então, quiçá um primeiro movimento, tão autêntico e legítimo quanto a força que detém um povo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"panis et circenses" ... e a história se repete

 Lá vamos nós de novo.

Por mais que eu faça poesia e tente, desta forma, amenizar  a falta dos belos sentimentos que deveriam mover a humanidade, a consciência de ser um "animal político" como dizia Aristóteles, as vezes me põe os pés no chão.
E só aí é que sinto quanto doem os meus calos, porque enquanto poeta, eu sou como a bailarina que no sonho da menina não tem caca de nariz, não tem remela nem unha encardida, e nem calos.
Mas, quando a bailarina (ou poeta) desperta do sonho, torna-se um ser político e crítico, e, ainda poeta porém agora desperta, sangra... como nas palavras de Saramago: "se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."

Claro que, com um bom tanto de drama típico de poetas e românticos, andei sangrando horrores estes dias.
De raiva, de revolta, de nojo! A boa e velha política, uma das formas mais antigas de o homem governar, decidir, organizar, e que deveria na verdade "servir ao povo" (politikós: dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), em nossa querida cidade andou e tem andado às avessas.
E não é de hoje que temos assistido de camarote a um verdadeiro circo dos horrores, onde o Mestre de cerimônia ocupa a cadeira de chefe maior seguido de palhaços-marionetes muito bem conduzidos através de uma linha-político-porca que nos torna meros espectadores de um espetáculo deprimente.
Opa, eu disse meros espectadores?

Nem tão simples nem tão passíveis assim. Ao menos não foi isso que se viu no último dia 11, na última sessão da câmara de vereadores de Rio Preto, que acabou literalmente em circo. A palhaçada foi completa, mas quem riu por último desta vez foi a platéia, como seria justo.
Mesmo com as manobras feitas pelo presidente da Casa, Oscarzinho Pimentel, para evitar a participação popular, o "pacote dos horrores" ou pacote da maldade como tem sido chamado pelo povo e pela mídia o projeto de lei que aumenta para 23 o número de vereadores, aumenta os salários de vereadores, prefeito, secretários, cria novos cargos comissionados e torna ainda maior a pantomima, não foi aprovado. 

E embora o Sr. Oscarzinho ("inho" mesmo, de pequeno, mínimo, medíocre) tenha realizado outra manobra adiando a votação por "falta de condições para trabalhar", tenho certeza de que a grande massa pensante, que agora resolveu também agir marcará presença na próxima sessão e em tantas outras quanto forem necessárias para derrubar de vez estes e outros projetos sujos que nos fazem sentir vergonha de sermos rio-pretenses.
E mais que isso, acredito que esta seja apenas a primeira de muitas manifestações populares que ainda estão por vir.

A passividade do povo também tem seus limites e o nariz vermelho felizmente, serve muito mais ao riso do que ao horror.

Monica San 

Para ler a matéria acesse: 
 http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Politica/72827,,Oscarzinho+encerra+sessao+e+vereadores+saem+escoltados.aspx




terça-feira, 31 de maio de 2011

Arrematando


Já que resolvi soltar o verbo hoje, mesmo que de leve, achei por bem dar uma passadinha pela Casa onde as grandes decisões (ou ao menos a maioria delas), umas relevantes outras nem tanto, são tomadas em nossa cidade. Fui visitar o site da Câmara.
Como boa internauta que sou, costumo valorizar o cuidado com que se monta um site, com o conteúdo e a forma como as informações e notícias são levadas até os leitores, etc. Já não vejo com bons olhos o Portal da nossa prefeitura, que peca em muitas coisas, como informações incompletas, desencontradas, algumas funcionalidades que não funcionam (redundância necessária) e por aí vai.
Agora então, logo na entrada da Câmara Municipal virtual, me deparo com uma claudicada "municipal" (pra não dizer Federal): Você encontra ali a guia "Palavra do Presidente", logo no início. E vai até lá, com a maior boa vontade, querendo ver o que o Presidente tem a dizer.
Agora, suponhamos que você não seja de Rio Preto, ou que não seja um destes munícipes que acompanha o entra e sai de cada presidente de Câmara. Pois bem, ali você vai encontrar as palavras do presidente, mas se quiser saber seu nome não se iluda, não terá sua dúvida sanada ali.
O Presidente assina apenas como "Palavra do Presidente", e basta.
Quer fazer uma sugestão? Tirar uma dúvida? Fazer uma crítica? Desista. Os formulários de contato não funcionam, não enviam as mensagens. Definitivamente, a Câmara de Rio Preto ainda não entrou totalmente na "cyber onda". Estranho seria se tivesse entrado.
Rio Preto é uma linda cidade, mas resiste bravamente às mudanças do novo século, e parece contrariar o que diz a bela canção de Cazuza: "o tempo não para, não para não, não para".

E para arrematar minhas conjecturas, nada mais belo e útil do que a nova cara do cartão postal de Rio Preto: a fonte luminosa da Represa Municipal. Nossa cidade realmente precisava disso! Alguém discorda?



E tudo continua lindo!

Faz tempo que não venho botar a boca no trombone, também, dizer o que? Minha cidade continua linda (e aqui nem é o Rio de Janeiro).
Ruas limpas, políticos honestos, povo saudável, bem cuidado, criminalidade abaixo de zero em todas as instâncias. E nós acreditamos.

Inda esses dias fui me inscrever em um concurso público, claro, sou uma cidadã consciente e participativa, me orgulharia em fazer parte da máquina administrativa do município, ser mais uma a colaborar para que tudo "continue" lindo.
O cargo era "Conselheiro tutelar", um trabalho difícil, muitas vezes perigoso, porém imprescindível para garantir o bem estar das nossas crianças e fazer com que se cumpra tanto o dever da família quanto do poder público.
Fui, mas não pude realizar a inscrição, mesmo faltando ainda um dia para o término do prazo.
O motivo: não haveria tempo hábil para providenciar os documentos exigidos. Documentos estes que constavam do edital de abertura, que por sua vez estava publicado no Diário Oficial cujo link está no site da Prefeitura de Rio Preto.
Estaria tudo em ordem e perfeito se houvesse (em algum lugar do passado) a referida informação. Nem no portal da cidade, nem no portal da Secretaria de Assistência Social, responsável pelo concurso, nem em matéria publicada na imprensa local. Nem a publicação no Diário Oficial, nem a data da publicação.
O cidadão interessado em preencher uma das vagas disponíveis teria apenas que ser um leitor assíduo do Diário Oficial, nada mais justo claro.
Afinal, numa cidade como a nossa, onde tudo é tão lindo e bem cuidado, e o povo tão instruído, ler o Diário Oficial nada mais é do que um hábito corriqueiro.
E plagiando o Macaco Simão: rarará! É melhor rir do que morrer de raiva.

Claro que resolvi fazer um barulhozinho. Escrevi algumas linhas para a tal Secretaria mostrando minha indignação com a falta de transparência no processo, e também ao Ministério Público, pedindo orientação sobre como proceder a uma denúncia (que eu faria com o maior gosto), mas cortaram meu barato.
Com certeza ao abrir as vagas e disparar mal e porcamente as notícias, "eles" já contavam com a possível intervenção de uma pequena parcela da massa pensante que ainda existe nesta cidade. Tenho certeza de que não fui a única a reclamar e fazer saber que nem todos por aqui são cegos, surdos e mudos. "Grazie a Dio!"
Dois dias depois o prazo para as inscrições foi prorrogado.
É difícil pensar que não se pode esperar muito (ou nada) da administração de nossa Cidade. É uma consciência dura de se ter, quando o que esperamos ao ir as urnas e depositar não apenas um voto mas todas as nossas esperanças em alguns nomes, é justamente o contrário. Não importa qual seja o partido, a ideologia, a linha de pensamento, sempre se espera que os objetivos sejam os mesmos: o bem estar de uma nação, de um povo; resguardar os direitos dos cidadãos, atender às suas necessidades, e blá blá blá blá.

E eu poderia ficar aqui a noite toda, falar por exemplo, do novo e luxuoso gabinete do NOSSO SENHOR PREFEITO (ROGAI POR NÓS OS PECADORES HUMILHADOS), que em breve será mais um belo espaço para receber os concidadãos e munícipes com suas reinvindicações (rarará), ou ainda sobre a "preocupação" do nosso diletíssimo Presidente da Câmara, aquele OSCARzinho, em arrumar a casa e dar condições à vereança para verear dignamente. Cadeiras anatômicas, frigobar, gêneros de primeiríssima necessidade para o trabalho exaustivo de verear em gabinete.
Mas não vou, seria gastar vela demais com defunto ruim, e o preço da vela anda pela hora da morte. Tá, a piada é ruim, mas digam que valeu a intenção e já me dou por satisfeita.
Vou apenas contar mais um causo.
Aconteceu assim: passei os dois últimos dias (ontem e hoje) entre UPA, Santa Casa e HB atendendo meu pai que anda adoentado. Receitados alguns medicamentos de uso controlado o tempo que me sobrou para ir atrás deles foi hoje, no finalzinho do dia. Pela falta de recursos financeiros, busquei uma UBS que tivesse atendimento de farmácia após o horário normal de funcionamento, e encontrei (para minha felicidade) a UBS do Santo Antonio, pertinho de casa, onde me informaram que o atendimento seria até as 19h.
Surpresa: atendem sim, mas medicamentos deste tipo são dispensados apenas até as 16h. 
Pergunto porque, e a resposta: determinação da Secretaria de Saúde.
Bem, não perguntei "de quem" era a determinação, e sim o "porque" dela, mas que importa isso? Ordens são ordens, não é?
Para que, afinal de contas, um munícipe/cidadão/ pagador de impostos precisaria saber dos porques das determinações de Secretarias Municipais? Para questioná-las?
Óbvio que não precisa.

E como diz a canção: "assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade". Apesar de que, não concordo muito com ela. Olhando assim, daqui de cima, as formigas me parecem bem organizadas, esforçadas, determinadas, e cheias de vontade, apesar dos passos pequenos. Por aqui, o que se vê é muita vontade e a passos bem largos, mas de se passar o pé, a perna, a mão, o rodo ou o que der em quem for, desde que seja para o SEU próprio bem.
E sobra muita vontade quando se fala em PODER ou, falando diferente, em PHODER o povo.


Monica San