domingo, 5 de abril de 2009

Gato por lebre - respeito é bom e eu gosto!

Antes de continuar falando sobre a representatividade do cidadão nas questões referentes à administração pública, faço um aparte para relatar um fato ocorrido comigo e que eu gostaria que servisse de alerta e orientação à alguns pais que, em busca de uma formação adequada para seus filhos, acabam comprando "gato por lebre".


Gato por lebre

O que é Orientação vocacional? Quais os objetivos e quais as técnicas utilizadas numa Orientação vocacional?
Uma escola que oferece cursos profissionalizantes em uma determinada área de atuação pode realizar testes e orientação vocacional com alunos de determinadas escolas direcionando-os aos interesses da própria escola?
O que relato a seguir, aconteceu comigo esta semana.

A escola Eurodata - Educação para o mercado de trabalho, da cidade de São José do Rio Preto, esteve na escola onde meu filho estuda, E.E.Vitor Brito Bastos, oferecendo aos alunos a oportunidade de realizar uma "Orientação vocacional". A mesma oferta feita na escola, foi posteriormente feita à mim por contato telefônico, onde o funcionário explicou-me que seria realizado por um profissional especializado um teste vocacional e posteriormente uma orientação vocacional visando a orientação de meu filho para concorrer no mercado de trabalho. Deixando claro que após a orientação, se houvesse interesse nos cursos oferecidos pela escola meu filho teria direito à um desconto no valor das mensalidades e da matrícula. Foi-me solicitado que marcasse data e horário para comparecermos à escola e que não faltássemos.
Acostumada às estratégias e manobras de convencimento já usuais em casos assim, onde se pretende "vender" muito mais do que "prestar" um serviço logo imaginei do que se tratava. Porém, o interesse de meu filho em fazer o teste e o meu próprio em conferir a proposta apresentada, fizeram com que me dispusesse a levá-lo até lá.

Creio que seja importante esclarecer o que eu, particularmente, entendia por "Orientação vocacional", antes mesmo de rondar a internet afim de confirmar meus conhecimentos sobre o assunto.
Entendo que a "Orientação vocacional" é um processo que implica em duas etapas: num primeiro momento a pessoa (no caso, o aluno) realiza um teste, chamado "teste vocacional" que pode conter perguntas, jogos e atividades, tendo por objetivo avaliar e determinar aptidões e habilidades para determinadas áreas de atuação dentro do mercado de trabalho. Ou seja, a vocação da pessoa, daí o termo "vocacional".
Num segundo momento, o aluno é orientado sobre a aplicação destas habilidades na sua formação profissional. Campos de atuação, oferta de mercado, competitividade, e tudo o que se possa saber sobre como concorrer e garantir uma vaga.
Constatei após algumas leituras sobre o assunto que meus conhecimentos não estavam equivocados, e que equivocada mesmo era a proposta feita à mim e ao meu filho pela escola em questão.

Ao chegarmos à escola, fomos muito bem recebidos e orientados a aguardar pela funcionária que realizaria a atividade proposta conosco.
Ao se apresentar, como "Orientadora Vocacional" a funcionária nos convidou a conhecer a escola, que tem suas atividades e cursos voltados preferencialmente para a área da informática.
Conhecemos todas as dependências da escola, e após, em sua sala a orientadora nos apresentou estruturalmente a Escola através de imagens, gráficos e textos muito bem elaborados que ela ia "lendo" e nos mostrando na tela do computador.
Até aí, já estávamos a cerca de vinte minutos com a orientadora e nada do que havia sido proposto aconteceu.
Nos últimos dez minutos da visita, (programada para durar trinta) foi que se passou a realizar a "Orientação vocacional".
Duas etapas de perguntas superficiais, totalmente direcionadas para a área de informática e, sob a minha ótica de mãe e consumidora, nem um pouco relevantes para a orientação vocacional de meu filho. E no final, uma avaliação também superficial, pouco motivadora e tendenciosa.
Chamou-me a atenção a seguinte frase na avaliação de meu filho:

"Seus conhecimentos em informática estão muito abaixo da média exigida pelo mercado. A necessidade de atualização é URGENTE."

Ora, não creio que haja mesmo uma necessidade URGENTE em atualizar os conhecimentos de informática para concorrer no mercado de trabalho quando se trata um menino de treze anos. E também não creio que, se por acaso meu filho escolher uma área de atuação que não tenha como requisito essencial estes conhecimentos ele realmente precise especializar-se no assunto.
Acredito que a "Orientação vocacional" de fato vai muito além de testar os conhecimentos do aluno, e consequentemente a necessidade de especialização numa determinada área, no caso a informática. Ela deveria ser abrangente para todas as áreas de atuação profissional, totalmente imparcial e descomprometida com qualquer serviço oferecido pela escola, e bem mais comprometida com os interesses e as capacidades do aluno avaliado.

Em suma, a Escola Eurodata está vendendo "gato por lebre" ou, sendo mais objetiva, está veiculando propaganda enganosa. Utiliza-se de uma manobra simpática e atraente ao jovem que ainda não está certo de suas capacidades e portanto está indeciso quanto à suas escolhas, para "vender o seu peixe".
Meu filho foi avaliado com o termo "muito abaixo da média" (em informática) sem sequer ser perguntado sobre as carreiras que pretendia ou gostaria de seguir. Nenhuma das perguntas relacionavam os interesses dele à outras áreas de atuação e nenhum outro recurso, como jogos ou atividades, foi utilizado para sua avaliação.
Ao final da visita, um dos cursos da escola foi indicado como extremamente necessário à sua formação profissional. O que, é claro, já era esperado.

Embora eu não julgue a atuação da "orientadora vocacional" em questão como eficiente e bem conduzida, haja vista que não me convenceu e nem ao meu filho, sei que muitos pais preocupados com a formação de seus filhos mas com pouco conhecimento sobre as armadilhas deste mercado consumista e inescrupuloso acabam por fazer sacrifícios muito acima de suas possibilidades seduzidos por este tipo de propaganda.
Uma escola que apresenta títulos, prêmios, e reconhecimento de seu trabalho por órgãos idôneos como Fundação Abrinq, MEC, selo ISO 9001 certamente é vista como exemplo de lisura e transparência. Porém, novamente sob minha ótica de mãe e consumidora, ela peca quando tenta conduzir e influenciar as escolhas dos alunos, ao invés de realmente orientar e proporcionar conhecimento para que os mesmos possam fazer as suas próprias escolhas com segurança e auto-confiança.

Gostaria imensamente que os padrões de qualidade altíssimos de determinadas instituições não fossem utilizados como ferramentas de manipulação, indução, e desrespeito ao indivíduo e ao cidadão.
Ainda acho que ser grande e poderoso, não implica necessariamente em subjugar os mais fracos, mas por outra, em fazê-los mais fortes e independentes, pois a vida não dá garantias a quem pode ou paga mais. E o tempo é implacável e verdadeiramente imparcial, não se conta em moedas.

Abaixo, listo alguns endereços da web onde se pode ler sobre "Orientação vocacional".


http://www.mundovestibular.com.br/articles/130/1/ORIENTACAO-VOCACIONAL/Paacutegina1.html

http://users.hotlink.com.br/stigre/vocacao.htm

http://www.netpsi.com.br/artigos/140704_orientvoc.htm

http://www.terra.com.br/istoe/1651/educacao/1651_hora_educacao.htm

http://www.oportaldosestudantes.com.br/testevoc.asp




Vale lembrar, que nossa cidade conta com duas excelentes opções de formação tanto em nível técnico quanto em nível superior na área de informática, gestão de negócios e outros, todos gratuitos. O Centro Paula Souza, com dois núcleos em Rio Preto:

Escola técnica

Etec Philadelpho Gouvêa Netto
Av. dos Estudantes, 3278 - Jardim Aeroporto
CEP 15035-010 - São José do Rio Preto/SP
Tel/Fax: (17) 3233-9266 / 9823

Faculdade de Tecnologia

Fatec Rio Preto
câmpus Profª Olga Malluk Lopes da Silva
Rua Fernandópolis, 2510 - Eldorado
CEP 15043-020 - São José do Rio Preto - SP
Tel/ Fax: (17) 3219-1433

Monica San
mpvsantos@yahoo.com.br