sábado, 9 de maio de 2009

Câmaras setoriais - organização e eficiência

Voltando a falar sobre representatividade na administração pública, hoje vou falar sobre uma novidade da atual administração de nossa cidade.
A Secretaria de Cultura criou um mecanismo de representação do artista riopretense, que fará uma ponte entre ele (o artista) e sua secretaria.
São as Câmaras setoriais. Em reunião com o secretário de cultura Deodoro Moreira, os representantes de cada segmento da cultura em Rio Preto e região, elegeram uma comissão para representá-los junto a esta Secretaria, discutindo projetos, tirando dúvidas, resolvendo problemas de forma mais organizada e eficiente.

A Câmara setorial de Literatura foi eleita no dia 26 de março, e já se prepara para botar a mão na massa, com projetos que pretendem levar o escritor até o leitor, divulgando seu trabalho, buscando um engajamento em projetos de incentivo e motivação à leitura, e fomentando em cada cidadão de nossa cidade o gosto pelas letras e a valorização da nossa literatura.
Espero que cada uma das Câmaras setoriais consigam levar adiante seus intentos, contagiando cada vez mais nossa cidade com o olhar sensível e criador do artista.
Precisamos da arte como fonte transformadora e renovadora da alma humana. Como ferramenta imprescindível na construção de um mundo mais humano e voltado para a preservação da vida.
Sucesso!

domingo, 5 de abril de 2009

Gato por lebre - respeito é bom e eu gosto!

Antes de continuar falando sobre a representatividade do cidadão nas questões referentes à administração pública, faço um aparte para relatar um fato ocorrido comigo e que eu gostaria que servisse de alerta e orientação à alguns pais que, em busca de uma formação adequada para seus filhos, acabam comprando "gato por lebre".


Gato por lebre

O que é Orientação vocacional? Quais os objetivos e quais as técnicas utilizadas numa Orientação vocacional?
Uma escola que oferece cursos profissionalizantes em uma determinada área de atuação pode realizar testes e orientação vocacional com alunos de determinadas escolas direcionando-os aos interesses da própria escola?
O que relato a seguir, aconteceu comigo esta semana.

A escola Eurodata - Educação para o mercado de trabalho, da cidade de São José do Rio Preto, esteve na escola onde meu filho estuda, E.E.Vitor Brito Bastos, oferecendo aos alunos a oportunidade de realizar uma "Orientação vocacional". A mesma oferta feita na escola, foi posteriormente feita à mim por contato telefônico, onde o funcionário explicou-me que seria realizado por um profissional especializado um teste vocacional e posteriormente uma orientação vocacional visando a orientação de meu filho para concorrer no mercado de trabalho. Deixando claro que após a orientação, se houvesse interesse nos cursos oferecidos pela escola meu filho teria direito à um desconto no valor das mensalidades e da matrícula. Foi-me solicitado que marcasse data e horário para comparecermos à escola e que não faltássemos.
Acostumada às estratégias e manobras de convencimento já usuais em casos assim, onde se pretende "vender" muito mais do que "prestar" um serviço logo imaginei do que se tratava. Porém, o interesse de meu filho em fazer o teste e o meu próprio em conferir a proposta apresentada, fizeram com que me dispusesse a levá-lo até lá.

Creio que seja importante esclarecer o que eu, particularmente, entendia por "Orientação vocacional", antes mesmo de rondar a internet afim de confirmar meus conhecimentos sobre o assunto.
Entendo que a "Orientação vocacional" é um processo que implica em duas etapas: num primeiro momento a pessoa (no caso, o aluno) realiza um teste, chamado "teste vocacional" que pode conter perguntas, jogos e atividades, tendo por objetivo avaliar e determinar aptidões e habilidades para determinadas áreas de atuação dentro do mercado de trabalho. Ou seja, a vocação da pessoa, daí o termo "vocacional".
Num segundo momento, o aluno é orientado sobre a aplicação destas habilidades na sua formação profissional. Campos de atuação, oferta de mercado, competitividade, e tudo o que se possa saber sobre como concorrer e garantir uma vaga.
Constatei após algumas leituras sobre o assunto que meus conhecimentos não estavam equivocados, e que equivocada mesmo era a proposta feita à mim e ao meu filho pela escola em questão.

Ao chegarmos à escola, fomos muito bem recebidos e orientados a aguardar pela funcionária que realizaria a atividade proposta conosco.
Ao se apresentar, como "Orientadora Vocacional" a funcionária nos convidou a conhecer a escola, que tem suas atividades e cursos voltados preferencialmente para a área da informática.
Conhecemos todas as dependências da escola, e após, em sua sala a orientadora nos apresentou estruturalmente a Escola através de imagens, gráficos e textos muito bem elaborados que ela ia "lendo" e nos mostrando na tela do computador.
Até aí, já estávamos a cerca de vinte minutos com a orientadora e nada do que havia sido proposto aconteceu.
Nos últimos dez minutos da visita, (programada para durar trinta) foi que se passou a realizar a "Orientação vocacional".
Duas etapas de perguntas superficiais, totalmente direcionadas para a área de informática e, sob a minha ótica de mãe e consumidora, nem um pouco relevantes para a orientação vocacional de meu filho. E no final, uma avaliação também superficial, pouco motivadora e tendenciosa.
Chamou-me a atenção a seguinte frase na avaliação de meu filho:

"Seus conhecimentos em informática estão muito abaixo da média exigida pelo mercado. A necessidade de atualização é URGENTE."

Ora, não creio que haja mesmo uma necessidade URGENTE em atualizar os conhecimentos de informática para concorrer no mercado de trabalho quando se trata um menino de treze anos. E também não creio que, se por acaso meu filho escolher uma área de atuação que não tenha como requisito essencial estes conhecimentos ele realmente precise especializar-se no assunto.
Acredito que a "Orientação vocacional" de fato vai muito além de testar os conhecimentos do aluno, e consequentemente a necessidade de especialização numa determinada área, no caso a informática. Ela deveria ser abrangente para todas as áreas de atuação profissional, totalmente imparcial e descomprometida com qualquer serviço oferecido pela escola, e bem mais comprometida com os interesses e as capacidades do aluno avaliado.

Em suma, a Escola Eurodata está vendendo "gato por lebre" ou, sendo mais objetiva, está veiculando propaganda enganosa. Utiliza-se de uma manobra simpática e atraente ao jovem que ainda não está certo de suas capacidades e portanto está indeciso quanto à suas escolhas, para "vender o seu peixe".
Meu filho foi avaliado com o termo "muito abaixo da média" (em informática) sem sequer ser perguntado sobre as carreiras que pretendia ou gostaria de seguir. Nenhuma das perguntas relacionavam os interesses dele à outras áreas de atuação e nenhum outro recurso, como jogos ou atividades, foi utilizado para sua avaliação.
Ao final da visita, um dos cursos da escola foi indicado como extremamente necessário à sua formação profissional. O que, é claro, já era esperado.

Embora eu não julgue a atuação da "orientadora vocacional" em questão como eficiente e bem conduzida, haja vista que não me convenceu e nem ao meu filho, sei que muitos pais preocupados com a formação de seus filhos mas com pouco conhecimento sobre as armadilhas deste mercado consumista e inescrupuloso acabam por fazer sacrifícios muito acima de suas possibilidades seduzidos por este tipo de propaganda.
Uma escola que apresenta títulos, prêmios, e reconhecimento de seu trabalho por órgãos idôneos como Fundação Abrinq, MEC, selo ISO 9001 certamente é vista como exemplo de lisura e transparência. Porém, novamente sob minha ótica de mãe e consumidora, ela peca quando tenta conduzir e influenciar as escolhas dos alunos, ao invés de realmente orientar e proporcionar conhecimento para que os mesmos possam fazer as suas próprias escolhas com segurança e auto-confiança.

Gostaria imensamente que os padrões de qualidade altíssimos de determinadas instituições não fossem utilizados como ferramentas de manipulação, indução, e desrespeito ao indivíduo e ao cidadão.
Ainda acho que ser grande e poderoso, não implica necessariamente em subjugar os mais fracos, mas por outra, em fazê-los mais fortes e independentes, pois a vida não dá garantias a quem pode ou paga mais. E o tempo é implacável e verdadeiramente imparcial, não se conta em moedas.

Abaixo, listo alguns endereços da web onde se pode ler sobre "Orientação vocacional".


http://www.mundovestibular.com.br/articles/130/1/ORIENTACAO-VOCACIONAL/Paacutegina1.html

http://users.hotlink.com.br/stigre/vocacao.htm

http://www.netpsi.com.br/artigos/140704_orientvoc.htm

http://www.terra.com.br/istoe/1651/educacao/1651_hora_educacao.htm

http://www.oportaldosestudantes.com.br/testevoc.asp




Vale lembrar, que nossa cidade conta com duas excelentes opções de formação tanto em nível técnico quanto em nível superior na área de informática, gestão de negócios e outros, todos gratuitos. O Centro Paula Souza, com dois núcleos em Rio Preto:

Escola técnica

Etec Philadelpho Gouvêa Netto
Av. dos Estudantes, 3278 - Jardim Aeroporto
CEP 15035-010 - São José do Rio Preto/SP
Tel/Fax: (17) 3233-9266 / 9823

Faculdade de Tecnologia

Fatec Rio Preto
câmpus Profª Olga Malluk Lopes da Silva
Rua Fernandópolis, 2510 - Eldorado
CEP 15043-020 - São José do Rio Preto - SP
Tel/ Fax: (17) 3219-1433

Monica San
mpvsantos@yahoo.com.br

segunda-feira, 2 de março de 2009

Qual o meu papel na administração pública?

"Administração pública (ou gestão pública) é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que asseguram a satisfação das necessidades coletivas variadas, tais como a segurança, a cultura, a saúde e o bem estar das populações.

Estado é uma instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um território". O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo do uso da força (coerção, especialmente a legal)." (Fragmento retirado do artigo sobre Administração pública, do site Wikipédia)
Aqui, ao falarmos de Estado, estamos falando do município, porque é ele nosso tema central.

A administração pública gere as ações do Estado em benefício de uma coletividade, em benefício do povo.
Seu principal objetivo é o interesse público, seguindo os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Sua soberania assegura-se por um conjunto de leis constitucionais, por ações administrativas limpas, claras, e justas, mas especialmente pelo exercício político e social do poder público. Um Estado que não prima pela dignidade e pelo respeito ao seu povo, não é digno de ser chamado soberano.

Mas garantir que o Estado seja soberano não é função e responsabilidade apenas do prefeito e do poder legislativo, e sim de todo cidadão.
Todos nós temos obrigações neste processo de construção da nossa soberania. Temos não apenas o direito (e o dever) de eleger nossos representantes, mas especialmente de garantir que seu trabalho será de fato o reflexo das necessidades do povo. Mas como fazer isto?
Participar ativamente das discussões e decisões que serão tomadas por eles no exercício de suas funções, é sem dúvida o melhor caminho.
Por exemplo, você sabe quem são seus representantes no município? Que o prefeito, embora seja o poder maior do município não decide nada sozinho? Que os vereadores (escolhidos por você) são a força maior desta Casa, pois são eles quem criam os projetos, apresentam soluções, discutem as ações necessárias para gerir os recursos, distribuir verbas, etc.?
E que você pode ajudá-los participando de tudo isso?

O poder legislativo cria leis e projetos e distribui tarefas, e as secretarias administram estas tarefas. Há na máquina administrativa uma série de recursos e mecanismos que possibilitam uma participação mais ativa e direta da população neste processo.
E é sobre isto que vamos tratar nos próximos artigos.
Quais são estes mecanismos e como podemos fazer parte deles?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Mais uma tragédia na saúde - até quando?

É, os problemas não param não. Vai ser preciso muito empenho e dedicação de muita gente pra que esta administração não seja mais um fiasco. Afinal, está começando muito mal.

Nosso prefeito parece estar numa saia justa tendo que explicar (e não explicando nada) sobre sua afirmação logo na primeira semana, de ter pego a prefeitura com "caixa zero". O que foi desmentido pelo Balanço da Prefeitura de Rio Preto sobre as contas de 2008.
Segundo a secretária da Fazenda, Mary Brito, a prefeitura terminou 2008 com R$7,5 milhões "livres".
Perguntado sobre o assunto, o prefeito desconversou.
Mas não se pode negar os fatos, resta saber quais serão as prioridades, já que falta de caixa não poderá ser motivo para não investir nos setores mais urgentes e deficientes do município.
Como a saúde, por exemplo.

No jornal Bom dia, a manchete principal de hoje é lamentável:

"Morte de mulher após erro médico vira caso de polícia em Rio Preto."

Mais uma vez, o atendimento deficiente nos postos de saúde, neste caso a unidade do bairro Santo Antonio - zona norte, é responsável por uma tragédia.

"A Polícia Civil de Rio Preto instaurou, ontem, inquérito para apurar se houve erro médico no caso da morte de Luciana Patrícia Sales Sabino, 33 anos.

A dona-de-casa sofreu aneurisma cerebral, mas recebeu diagnóstico de enxaqueca em cinco vezes que buscou atendimento na UBS do Santo Antônio. Ela morreu na madrugada de quarta depois ficar 13 dias em coma do Hospital de Base."

Enquanto isso, a Secretaria de obras está às voltas com o atraso na construção do mini-hospital da Zona norte.
No empurra-empurra, O deputado Rodrigo Garcia (DEM), de Rio Preto, que é secretário de Desburocratização do município de São Paulo, informou à assessoria do Estado que o atraso já aconteceu antes porque o município não prestou contas, já o secretário de Obras de Rio Preto, Luís Carlos de Queiroz Pereira Calças, afirmou que as medições estão em dia e que o atraso é do Estado.

Fico imaginando como deverá funcionar este hospital que está ainda sendo construído, levando-se em consideração o funcionamento atual dos postos de saúde.
E pergunto novamente: precisamos mesmo de mais construções, mais gastos, mais tempo perdido esbarrando em burocracias, protocolos, jogos de interesses, e impedindo que os serviços já existentes recebam a atenção e os cuidados necessários para funcionarem de forma adequada e que atenda às necessidades reais da população?

Enquanto a família chora a perda, o Conselho Regional de Medicina, a Secretaria de Saúde, e o delegado titular do 4º Distrito Policial, Valdir Carvalho, tentam apurar os fatos e punir os responsáveis pelo atendimento.

E como diz a canção: "Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos".

Mas eu estou de olho, e você?

(As notícias citadas aqui, encontram-se detalhadas no Jornal Bom Dia)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Uma resposta, uma luz no fim do túnel?

Quando uma queixa ou denúncia resvala no vão, no vazio, e não obtém sequer resposta quanto mais ações, é sinal de que as coisas não estão mesmo bem.
Porém, quando se tem uma resposta que ao menos demonstre interesse em encontrar soluções, significa que vale a pena continuar de olho e não calar-se diante das injustiças e dificuldades.
O email enviado à Secretaria de Saúde rendeu-me uma resposta positiva. Pelo menos, demonstrou que há pessoas interessadas em saber o que a população pensa e dispostas a buscar soluções.
Espero que isto não se perca, e que possamos realmente contar cada vez mais com atitudes.
Abaixo, transcrevo o email enviado hoje em agradecimento à atenção da Secretaria de Saúde ao meu contato.

PS: Ainda aguardando um contato em resposta ao meu email para a Secretaria de Educação. Até agora, nada.


Segue o email enviado hoje à ouvidoria da Secretaria de saúde:


São José do Rio Preto, 19 de fevereiro de 2009

À Ouvidoria da Secretaria de saúde de Rio Preto

Venho por meio desta, agradecer à esta ouvidoria, em especial à ouvidora Cristina, pela atenção e resposta ao meu contato, por email, no dia dezesseis do mês corrente.
Aproveito para manifestar meus votos de sucesso à atual administração e suas secretarias e entidades, pois não desejo tê-las como alvo de críticas ou descontentamento, e sim como motivo de orgulho e exemplo de acessibilidade aos anseios e necessidade da população de Rio Preto.
Vale ressaltar ainda, o empenho e a atenção da enfermeira e gerente do posto de saúde Vila Maior, Inara, que recebeu-me prontamente, ouviu minhas queixas e mostrou-se acessível e com grande interesse em resolver as questões deficientes da unidade.
Na esperança de que a atual administração, bem como suas equipes de trabalho, mostrem-se de fato comprometidas com as necessidades do município e em especial, dos seus munícipes, despeço-me.

Atenciosamente,

Mônica dos Santos

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A saúde está doente

Não é preciso muito esforço nem conhecimento para se diagnosticar a situação do nosso Sistema municipal de saúde. Vemos na TV todos os dias notícias alarmantes sobre o descaso com pacientes em condições precárias, filas imensas para cirurgias urgentes, pacientes mal atendidos, agendamento de consultas burocrático e ineficiente, médicos e funcionários despreparados.
Ironicamente, a saúde anda mesmo doente.
Mas o que não se pode fazer é cair no conformismo, aceitar que nossos direitos sejam subjugados e a Saúde seja colocada (em tese) como uma das prioridades do município quando deveria ser (na prática) A prioridade.
Uma população doente não traz nenhum benefício ao município, por outra, só aumenta gastos e acaba se tornando uma prova irrefutável de má administração pública.

Foi pensando nisso que escrevi à Secretaria de Saúde, pedindo que a nova administração pense de forma coerente e procure resolver o que realmente urge no Sistema.
Segue abaixo o email enviado por mim, hoje, ao Secretário de Saúde Dr. José Victor Maniglia.

Seria maravilhoso se mais pessoas tomassem consciência de seus direitos e também seus deveres como cidadãos, e resolvessem botar a boca no trombone!

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Ilmo. Sr. Dr. José Victor Maniglia
Secretário municipal de saúde

Eu, Mônica dos Santos, venho por meio desta manifestar-me como munícipe e cidadã brasileira sobre a situação do sistema de saúde de nosso município com vistas na atual administração e suas ações iniciais, das quais venho tendo conhecimento.
Na semana passada, assisti à uma entrevista no jornal Tem notícias, onde o médico Dr. Baitela falava sobre a falta de médicos.
Tivemos um concurso ano passado, e há médicos para serem convocados, a falta de médicos não pode portanto ser usada como justificativa para a ineficiência do serviço.
Li no portal da prefeitura sobre o novo hospital que deverá ser construído ao lado do hospital da criança, ainda em construção. Ora, será mesmo que precisamos de novos hospitais? Novas construções, novos gastos?
Não seria mais coerente investir na qualidade do que já existe em funcionamento? Os postos de saúde funcionam ainda de forma ineficiente, com funcionários mal orientados, filas imensas, um serviço de marcação de consultas pelo telefone que não funciona, má vontade de todos os lados.
Nem a ouvidoria funciona como deveria.
Liguei semana passada na ouvidoria da Saúde, falei com a funcionária Cidinha, expliquei sobre as consultas que precisava marcar e não estava conseguindo acessar o serviço 0800. Uma das consultas era urgente.
A funcionária não sabia me dizer o que estava acontecendo com o serviço, ficou de me retornar a ligação tentando me ajudar a marcar ao menos a consulta urgente. Não retornou a ligação.
Claro que a ouvidoria não pode atender a casos isolados, não haveria condições de ajudar a todos os que encontram dificuldades para marcar suas consultas.
É preciso que haja um serviço eficiente, que atenda às necessidades da população de forma organizada e prática. Não é possível que ainda aconteça o que vi hoje pela manhã.
Uma fila imensa que começa a formar-se por volta de cinco e trinta da manhã, com pessoas idosas, doentes, e sem ao menos uma garantia de conseguir as consultas.
Lembrei-me dos tempos de INPS, onde passei várias madrugadas frias e até sob a garoa fina, com sete ou oito anos, numa fila kilométrica, a espera de atendimento. E fiquei pensando se é mesmo preciso que, todas as vezes em que conquistamos avanços e passamos a acreditar que estamos caminhando para a frente, mesmo que a passos lentos, tenhamos que retroceder e ficar à mercê de acordos e contratos de novas administrações.
Não é possível que a pasta de obras seja realmente mais importante do que a pasta da Saúde, como se vê nas notícias.
Novo hospital sendo construído, investimento de milhões em recuperação de vicinais, construção de novas estradas, e o que já existe? Passa-se o tempo todo de uma administração construindo e criando novidades quando se deveria investir no que já está pronto para ser usado.
Capacitar profissionais, investir em espaço físico dos postos e hospitais que já existem, viabilizar o serviço de forma prática e coerente. Será que é tão difícil assim ver onde estão as carências?
Como pode um serviço de saúde que deveria primar pelo bem estar das pessoas que dele dependem, deixar que pessoas idosas e doentes passem duas horas em filas imensas, atendendo num único dia da semana, sem garantias de conseguir agendamento, e não se dar conta do quanto estão sendo injustos?
A população não é de forma alguma beneficiada com este sistema, pelo contrário, isso dificulta os agendamentos, torna tudo mais difícil e burocrático pra uma população que na sua maioria é carente não só de recursos materiais mas especialmente de formação pessoal e informação.

Investir no atendimento ambulatorial, que é o atendimento preventivo, é usar de forma inteligente e coerente os recursos destinados à saúde. Ora, uma população bem orientada, que se previne contra doenças, que tem condições de ter doenças mais graves diagnosticadas prematuramente num serviço ambulatorial de qualidade não só garante sua qualidade de vida, como confere ao próprio município menos gastos com hospitais e procedimentos de alto custo. Não é preciso ser um especialista na área econômica para saber disso, basta que se saiba somar e subtrair.
Somar boa vontade e subtrair interesses pessoais.

Na esperança de poder contar com a boa vontade desta nova administração, e na ânsia de ver nosso município cada vez mais próspero, despeço-me.
Atenciosamente,
Mônica dos Santos

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Uma questão de Educação

Como sempre em tempos de eleições tivemos no final de 2008 muitas promessas de campanha. Muito sorrisos e apertos de mãos distribuídos, muitas entrevistas esbanjando simpatia, muitas visitas à periferia, e promessas, promessas e promessas.

Então vou começar falando sobre uma destas promessas.
A escola municipal Olga Mallouk Lopes no Jd. Simões, onde meu filho estuda, precisava de mais salas de aula para atender a demanda da comunidade. O então prefeito Edinho Araújo assumiu o compromisso de construí-las, (quatro salas) antes de começarem as aulas.
Pois bem, a escola recebeu as matrículas na certeza de ter as salas prontas no início do ano. Começamos 2009 e nada de serem construídas. Sequer começaram a levantá-las.

Claro que questionados sobre o atraso na obra, há um cardápio bem elaborado de desculpas. Falta de recursos, atraso de calendário, falta de funcionários para acompanhar a obra, e por aí vai. O mais interessante são as providências sugeridas para se resolver o impasse: onde colocar cerca de 140 crianças que chegariam à escola até que fossem construídas as salas?
Simples, os professores levariam estas crianças de ônibus, todos os dias, para um espaço improvisado e emprestado fora da escola, em bairros vizinhos. Num deles inclusive, as crianças estudariam em uma escola e fariam o recreio em outra, tendo que atravessar um pasto para chegar ao outro lado. Ao final da aula, os professores retornariam para a escola com os alunos.

Seria cômico se não fosse trágico. Expor nossos filhos desta forma, comprometendo não só o ano letivo e o aproveitamento escolar mas principalmente a segurança deles.
Claro que indignada com a solução oferecida, a direção da escola sentiu-se na obrigação de encontrar outra forma de resolver a situação. O que infelizmente não deixaria de comprometer o trabalho dos professores e o aproveitamento dos alunos.
Há dez dias do início das aulas, e nossas crianças estão amontoadas em salas improvisadas.
A sala dos professores, a sala de informática, a biblioteca e outra sala utilizada pela escola, transformaram-se em salas de aula. Algumas são pequenas, outras inadequadas, um transtorno para a escola, uma decepção para mim e outros tantos pais acostumados a contar com a dedicação e o empenho dos profissionais desta escola, que agora são obrigados a "se virar" para não comprometer a qualidade do seu trabalho.
Além disso, como se não bastasse todo o transtorno com relação ao espaço físico, ainda vemos recursos essenciais na formação dos alunos e que foram conquistados com tanta dificuldade, como a sala de informática e a biblioteca, serem sacrificados por questões meramente políticas.

Que haja dificuldades em se organizar e administrar a escola pública, que tenhamos que lutar para que o ensino público tenha qualidade e possa oferecer aos nossos filhos uma formação dígna e a altura do que o mercado de trabalho exige, é aceitável e até compreensível haja vista a nossa história de lutas e sacrifícios contra a miséria e as injustiças que ainda imperam neste país. Mas, andar para trás, retroagir à tempos precários depois de se ter conquistado avanços tão significativos, por causa de promessas de pleito não cumpridas, que subjugam a formação do indivíduo e do cidadão, é vergonhoso e inadmissível.

Portanto, como mãe e cidadã cansada de ser feita de fantoche nas mãos de uma minoria poderosa, decidi botar a boca no trombone. A educação não pode continuar sendo tratada como pauta secundária na administração do município, o que parece acontecer muitas vezes, assim como acontece também com a saúde, tema que irei abordar em breve.
Já é hora de usarmos nossa voz em nosso favor, em favor dos nossos sonhos e em favor da nossa dignidade.
Se você pensa como eu, me escreva, denuncie, reclame, bote a boca no trombone, este espaço também é seu.

Monica San