sábado, 14 de fevereiro de 2009

Uma questão de Educação

Como sempre em tempos de eleições tivemos no final de 2008 muitas promessas de campanha. Muito sorrisos e apertos de mãos distribuídos, muitas entrevistas esbanjando simpatia, muitas visitas à periferia, e promessas, promessas e promessas.

Então vou começar falando sobre uma destas promessas.
A escola municipal Olga Mallouk Lopes no Jd. Simões, onde meu filho estuda, precisava de mais salas de aula para atender a demanda da comunidade. O então prefeito Edinho Araújo assumiu o compromisso de construí-las, (quatro salas) antes de começarem as aulas.
Pois bem, a escola recebeu as matrículas na certeza de ter as salas prontas no início do ano. Começamos 2009 e nada de serem construídas. Sequer começaram a levantá-las.

Claro que questionados sobre o atraso na obra, há um cardápio bem elaborado de desculpas. Falta de recursos, atraso de calendário, falta de funcionários para acompanhar a obra, e por aí vai. O mais interessante são as providências sugeridas para se resolver o impasse: onde colocar cerca de 140 crianças que chegariam à escola até que fossem construídas as salas?
Simples, os professores levariam estas crianças de ônibus, todos os dias, para um espaço improvisado e emprestado fora da escola, em bairros vizinhos. Num deles inclusive, as crianças estudariam em uma escola e fariam o recreio em outra, tendo que atravessar um pasto para chegar ao outro lado. Ao final da aula, os professores retornariam para a escola com os alunos.

Seria cômico se não fosse trágico. Expor nossos filhos desta forma, comprometendo não só o ano letivo e o aproveitamento escolar mas principalmente a segurança deles.
Claro que indignada com a solução oferecida, a direção da escola sentiu-se na obrigação de encontrar outra forma de resolver a situação. O que infelizmente não deixaria de comprometer o trabalho dos professores e o aproveitamento dos alunos.
Há dez dias do início das aulas, e nossas crianças estão amontoadas em salas improvisadas.
A sala dos professores, a sala de informática, a biblioteca e outra sala utilizada pela escola, transformaram-se em salas de aula. Algumas são pequenas, outras inadequadas, um transtorno para a escola, uma decepção para mim e outros tantos pais acostumados a contar com a dedicação e o empenho dos profissionais desta escola, que agora são obrigados a "se virar" para não comprometer a qualidade do seu trabalho.
Além disso, como se não bastasse todo o transtorno com relação ao espaço físico, ainda vemos recursos essenciais na formação dos alunos e que foram conquistados com tanta dificuldade, como a sala de informática e a biblioteca, serem sacrificados por questões meramente políticas.

Que haja dificuldades em se organizar e administrar a escola pública, que tenhamos que lutar para que o ensino público tenha qualidade e possa oferecer aos nossos filhos uma formação dígna e a altura do que o mercado de trabalho exige, é aceitável e até compreensível haja vista a nossa história de lutas e sacrifícios contra a miséria e as injustiças que ainda imperam neste país. Mas, andar para trás, retroagir à tempos precários depois de se ter conquistado avanços tão significativos, por causa de promessas de pleito não cumpridas, que subjugam a formação do indivíduo e do cidadão, é vergonhoso e inadmissível.

Portanto, como mãe e cidadã cansada de ser feita de fantoche nas mãos de uma minoria poderosa, decidi botar a boca no trombone. A educação não pode continuar sendo tratada como pauta secundária na administração do município, o que parece acontecer muitas vezes, assim como acontece também com a saúde, tema que irei abordar em breve.
Já é hora de usarmos nossa voz em nosso favor, em favor dos nossos sonhos e em favor da nossa dignidade.
Se você pensa como eu, me escreva, denuncie, reclame, bote a boca no trombone, este espaço também é seu.

Monica San

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