segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A saúde está doente

Não é preciso muito esforço nem conhecimento para se diagnosticar a situação do nosso Sistema municipal de saúde. Vemos na TV todos os dias notícias alarmantes sobre o descaso com pacientes em condições precárias, filas imensas para cirurgias urgentes, pacientes mal atendidos, agendamento de consultas burocrático e ineficiente, médicos e funcionários despreparados.
Ironicamente, a saúde anda mesmo doente.
Mas o que não se pode fazer é cair no conformismo, aceitar que nossos direitos sejam subjugados e a Saúde seja colocada (em tese) como uma das prioridades do município quando deveria ser (na prática) A prioridade.
Uma população doente não traz nenhum benefício ao município, por outra, só aumenta gastos e acaba se tornando uma prova irrefutável de má administração pública.

Foi pensando nisso que escrevi à Secretaria de Saúde, pedindo que a nova administração pense de forma coerente e procure resolver o que realmente urge no Sistema.
Segue abaixo o email enviado por mim, hoje, ao Secretário de Saúde Dr. José Victor Maniglia.

Seria maravilhoso se mais pessoas tomassem consciência de seus direitos e também seus deveres como cidadãos, e resolvessem botar a boca no trombone!

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Ilmo. Sr. Dr. José Victor Maniglia
Secretário municipal de saúde

Eu, Mônica dos Santos, venho por meio desta manifestar-me como munícipe e cidadã brasileira sobre a situação do sistema de saúde de nosso município com vistas na atual administração e suas ações iniciais, das quais venho tendo conhecimento.
Na semana passada, assisti à uma entrevista no jornal Tem notícias, onde o médico Dr. Baitela falava sobre a falta de médicos.
Tivemos um concurso ano passado, e há médicos para serem convocados, a falta de médicos não pode portanto ser usada como justificativa para a ineficiência do serviço.
Li no portal da prefeitura sobre o novo hospital que deverá ser construído ao lado do hospital da criança, ainda em construção. Ora, será mesmo que precisamos de novos hospitais? Novas construções, novos gastos?
Não seria mais coerente investir na qualidade do que já existe em funcionamento? Os postos de saúde funcionam ainda de forma ineficiente, com funcionários mal orientados, filas imensas, um serviço de marcação de consultas pelo telefone que não funciona, má vontade de todos os lados.
Nem a ouvidoria funciona como deveria.
Liguei semana passada na ouvidoria da Saúde, falei com a funcionária Cidinha, expliquei sobre as consultas que precisava marcar e não estava conseguindo acessar o serviço 0800. Uma das consultas era urgente.
A funcionária não sabia me dizer o que estava acontecendo com o serviço, ficou de me retornar a ligação tentando me ajudar a marcar ao menos a consulta urgente. Não retornou a ligação.
Claro que a ouvidoria não pode atender a casos isolados, não haveria condições de ajudar a todos os que encontram dificuldades para marcar suas consultas.
É preciso que haja um serviço eficiente, que atenda às necessidades da população de forma organizada e prática. Não é possível que ainda aconteça o que vi hoje pela manhã.
Uma fila imensa que começa a formar-se por volta de cinco e trinta da manhã, com pessoas idosas, doentes, e sem ao menos uma garantia de conseguir as consultas.
Lembrei-me dos tempos de INPS, onde passei várias madrugadas frias e até sob a garoa fina, com sete ou oito anos, numa fila kilométrica, a espera de atendimento. E fiquei pensando se é mesmo preciso que, todas as vezes em que conquistamos avanços e passamos a acreditar que estamos caminhando para a frente, mesmo que a passos lentos, tenhamos que retroceder e ficar à mercê de acordos e contratos de novas administrações.
Não é possível que a pasta de obras seja realmente mais importante do que a pasta da Saúde, como se vê nas notícias.
Novo hospital sendo construído, investimento de milhões em recuperação de vicinais, construção de novas estradas, e o que já existe? Passa-se o tempo todo de uma administração construindo e criando novidades quando se deveria investir no que já está pronto para ser usado.
Capacitar profissionais, investir em espaço físico dos postos e hospitais que já existem, viabilizar o serviço de forma prática e coerente. Será que é tão difícil assim ver onde estão as carências?
Como pode um serviço de saúde que deveria primar pelo bem estar das pessoas que dele dependem, deixar que pessoas idosas e doentes passem duas horas em filas imensas, atendendo num único dia da semana, sem garantias de conseguir agendamento, e não se dar conta do quanto estão sendo injustos?
A população não é de forma alguma beneficiada com este sistema, pelo contrário, isso dificulta os agendamentos, torna tudo mais difícil e burocrático pra uma população que na sua maioria é carente não só de recursos materiais mas especialmente de formação pessoal e informação.

Investir no atendimento ambulatorial, que é o atendimento preventivo, é usar de forma inteligente e coerente os recursos destinados à saúde. Ora, uma população bem orientada, que se previne contra doenças, que tem condições de ter doenças mais graves diagnosticadas prematuramente num serviço ambulatorial de qualidade não só garante sua qualidade de vida, como confere ao próprio município menos gastos com hospitais e procedimentos de alto custo. Não é preciso ser um especialista na área econômica para saber disso, basta que se saiba somar e subtrair.
Somar boa vontade e subtrair interesses pessoais.

Na esperança de poder contar com a boa vontade desta nova administração, e na ânsia de ver nosso município cada vez mais próspero, despeço-me.
Atenciosamente,
Mônica dos Santos

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